segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Antigo X Novo - Cidade das Luzes

Paris foi reestruturada pelo Projeto Urbanístico Haussmaniano, um plano criado para o centro da cidade, que presumia a reformulação da área com uma destruição total dos seus quarteirões. Criou-se uma estrela de 12 avenidas amplas em volta do Arco do Triunfo, com o surgimento do automóvel, do cinema e da fotografia contribuiu para um novo ‘’estado de espírito’’, brotando então a BELLE ÉPOQUE, com uma nova cidade luminosa. No final do século XIX, ela era a maior força cultural ocidental e assim foi até a 2ª Guerra Mundial.
O partido do Barão Haussmann é um projeto que destaca a cultura burguesa no século XIX. Uma cidade que cresce e se urbaniza em extensao, extravasando as muralhas. A partir da Revolução Industrial com a migração de camponeses, alcançaram à condição de metrópoles adotando novos tipos de comportamentos como o Modismo e o fetiche pela mercadoria.
Para o surgimento das passagens na cidade de Paris houveram-se condições, a primeira condição foi o comércio têxtil com o surgimento dos primeiros estabelecimentos com grandes estoques de mercadoria, esses estabelecimentos são os precursores para as lojas de departamento, essas lojas por muito tempo foram admiradas pelos forasteiros e pela população local. A segunda condição, para o surgimento das passagens foram as construções de ferro, na época o Império percebeu nessa técnica uma contribuição para renovar a arquitetura, ao mesmo tempo se têm o inicio a rivalidade entre o construtor e o decorador.
A partir do ferro surge na arquitetura um material de construção artificial. Com a invenção da locomotiva o ferro se torna um material essencial, pois o objeto de experimento, só pode ser utilizado sobre trilhos de ferro. Simultaneamente nessa época amplia-se a aplicação do vidro na arquitetura a forma do novo meio de produção, corresponde na consciência coletiva nas quais se interpenetram o novo e o antigo. Essas relações podem ser identificadas na utopia de Fourier, nas passagens Fourier viu o cânone arquitetônico do falastério.
Com o surgimento do ferro a arquitetura começa a se emancipar da arte e a pintura por sua vez fez panoramas, a difusão dos panoramas coincide com o surgimento das passagens. Os panoramas anunciam uma revolução nas relações da arte com a técnica, os artistas começam a debater o seu valor artístico. O surgimento da fotografia provoca a ruína da grande corporação dos pintores, a mesma em seus primórdios era considerada artisticamente superior ao retrato em miniatura. Em 1855 é realizada a exposição universal que foi dedicada a fotografia, para Wiertz a fotografia iluminava a pintura, com o crescimento dos meios de transporte e comunicação diminui o significado comunicativo da pintura.
As primeiras exposições universais foram realizadas em 1798 no Campo de Marte, as mesmas foram procedidas por exposições nacionais da industria, essas exposições nascem do desejo de divertir a classe operária as mesmas idealizam o valor da troca de mercadorias.O surgimento de valores e da destruição, é analisado por Benjamin fazendo da cidade e da sociedade um laboratório de análises. A mercantilização acentuada da vida é tratada pelo autor através das sutilezas e dos pequenos acontecimentos. Acompanha a mudança da própria estruturação e interpretação do tempo e projeta o cotidiano como uma dimensão heróica.
O pensamento de Walter Benjamin é voltado pra Paris, que antigamente era considerado o símbolo da modernidade. Ele considera Paris um espaço de complexidades e contradições.O autor busca a modernidade, a partir das grandes inovações de ferro e vidro que se encontra nas construções das novas galerias pelas quais a multidão se desloca. Assim como as galerias as multidões são expostas. Pela primeira vez é oferecida a leitura já que no séc. XIX o personagem principal da literatura é a cidade de Paris.
Alguns lugares são de destaque como: as ruas e lugares de encontro realçado com as reformas urbanas e com os bulevares de Haussmann.Algumas questões ficaram pendentes para Benjamin em relação a sua conciliação entre universalidade e essência. A cidade agora será observada pelo olhar de Haussmann, como um plano único.
Benjamin vê a realidade destruída, porém a qual o sujeito pode distinguir a partir de construções e fragmentos a sociedade e a cidade moderna. O autor encontra na modernidade construções de novas catedrais e guarda em seu olhar, tudo aquilo que restou de um passado esquecido.
Benjamin dava bastante atenção à tríade – sujeito, espaço e tempo.Segundo Baudelaire “Se uma composição de árvores, montanhas, cursos d’água e casas, a que chamamos paisagem, é bela, não o é por si mesma, mas por mim, por minha própria graça, pela idéia ou sentimento a que a ela associo, isso quer dizer, penso, que todo paisagista que não sabe traduzir um sentimento mediante uma composição de matéria vegetal ou mineral não é um artista. Bem sei que a imaginação humana, por um esforço extraordinário, pode conceber por um instante a natureza sem o homem, e toda a massa sugestiva se dispersando no espaço, sem um observador que dela extraia a analogia, a metáfora e a alegoria...”
“[...] mas também um gênero que chamaria de bom grado de paisagem das grandes cidades, quer dizer, a coleção das grandezas e das belezas que resultam de uma poderosa aglomeração de homens e monumentos, o fascínio profundo e complexo de uma capital antiga e envelhecida nas glórias e atribulações da vida. [...]” (Charles Baudelaire).
De acordo com Baudelaire o espaço Urbano assume a conotação de ordem geográfica e física de seus elementos, para também sugerir aspectos simbólicos e metafóricos. A grande cidade é a imagem alegórica da modernidade, novidade do século XIX, se considerar em seus aspectos de planejamento arquitetônico e urbanístico. Esses espaços são povoados por multidão de seres provenientes de diversas regiões, que tem como características principais o individualismo e a ausência de laços comunitários. As referencias sócio-culturais não mais orientam o cotidiano dos indivíduos, pois essa função foi passada a um objeto cada vez mais freqüente na sociedade Burguesa e Capitalista. Baudelaire é figura importante para a investigação da nova ordem instaurada pelo capitalismo e materializada na imagem da metrópole. Trata a arte com subserviência em relação ao mercado, para ele a cidade tinha que ser descrita com sentimento de estupor, espanto e fascínio. Sua cidade poética surge, portanto, de um lugar impróprio, do relato de cenas cotidianas em que não se acredita ser possível brotarem o sentimento.