segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Cidade Colagem



Colin Rowe e Fed Koetter no livro Collage City (cidade colagem) publicado em 1973, desenvolveram uma das teorias urbanas de maior influência no período pós moderno. Rowe e Koetter basearam-se na pesquisa realizada pelos estudantes da Universidade de Cornell em Roma, a principal descoberta desse grupo foi que a arquitetura pós-moderna estabeleceu uma relação construtiva de “figura e fundo” na cidade, ou seja, tanto os espaços livres quanto os construídos articulam em proporções invertidas na malha urbana.
Isso ocasionou nas grandes cidades pós-moderna a importância dos objetos (edifícios, casas) onde passam a ser a figura principal com a sua verticalização. E o espaço onde estão inseridos como fundo de um cenário urbano sem vida “artificial”. Esse processo é explicado por meio de modelos utópicos baseado em princípios como: “nostálgico” e “profético”. Estes dois termos significam a relação direta com a transformação das cidades modernas.
A cidade da arquitetura moderna atrai muitas críticas e muitas formas de “interpretá-la”, a mesma pode ser considerada uma resposta simbólica ás rupturas sociais e psicológicas decorrentes da Segunda Guerra Mundial e da Revolução Russa. A arquitetura moderna também pode ser considerada uma arquitetura que procura acompanhar a evolução da sociedade, uma arquitetura que não possui um “estilo” a ser seguido.
Este teóricos Norte–Americanos, consideram a estriagem das cidades como uma colagem, ela é analisada como uma “cocha de retalhos”, onde ocorre à justaposição de imagens e ou camadas, a marcação visível do sistema viário criando uma lógica de mobilidade e articulação do espaço urbano. Esta cidade é formada por uma arquitetura moderna como a figura do Archigram, projeto idealizado pelo superstudio, fundado em 1966 pelos italianos Adolfo Natalini e Cristiano Toraldo di Francia, estes juntaram-se com Alessandro e Roberto Magris e Piero Frassinelli, e da Praça do Harlem. Ambos os projetos representam uma construção Futurista, mas com uma concepção distinta. O primeiro representa um cenário que rompe com o entorno (o privilégio do objeto em relação à paisagem - profético) e o segundo uma nostalgia.
Esses arquitetos criadores do superstudio idealizavam todas as formas física artificiais, objetos e edifícios e os consideravam dispensáveis.
A arquitetura moderna criou a utopia da cidade sem exceções, da cidade ideal. A cidade de Versalhes pode ser considerada o esboço desse design total, é uma cidade impassível, racionalmente organizada, destituída de ambigüidades onde a prevalência de idéia é irresistível. Já a Villa Adriana tenta dissimular toda a referência a uma idéia de controle total, pode ser considerada uma dialética viva dos elementos que a compõem.
Versalhes de Luís XIV e a Villa Adriana de Adriano são evidentes aberrações de psicologias completamente diferentes, esse confronto entre Luis XIV e Adriano podem ser melhor interpretados por uma citação de Isaiah Berlin, neste ensaio Berlim distingue duas presonalidades: o ouriço e a raposa. “A raposa conhece muitas coisas, mas o ouriço conhece uma grande coisa”, define uma relação com o pensamento crítico dos arquitetos modernistas. Onde a figura da raposa representa um pensamento, difuso é aquele que persegue muitos fins que são desvinculados e contraditórios. Já o ouriço é uma coerência e articulação, pode ser considerado aquele que relaciona todas as coisas a uma só noção fundamental a um sistema mais ou menos coerente.
A cidade de Versalhes é uma critica a Paris, nela estão prefigurados todos os mitos da sociedade racionalmente organizada e “cientifica” a sociedade em que não há lugar para o acidental, por isso a mesma possuía uma relação com a definição de ouriço dado por Isaiah Berlin que como já foi dito anteriormente, ouriço é aquele que “foca” em uma idéia se “ baseia” em apenas uma coisa, em algo “centralizado”
A Villa Adriana é uma Roma em miniatura, ela reproduz todos os conflitos entre peças ideais e todos os acontecimentos aleatórios que Roma exibia em profusão. A Villa Adriana pode ser considerada uma vila diversificada em que se encontra um pouco de cada lugar, um pouco da Síria, do Egito entre outros lugares , a vila atua como se fosse uma seria de recordações das viagens de Adriano, por essa sua diversificação a Villa Adriana possui uma relação com a definição de raposa que é aquele, como já foi dito, que persegue muitos afins e também possui relação com o que chamamos de colagem.
A colagem é uma composição feita utilizando diferentes materiais de diferentes origens, a Villa Adriana possui essa colagem, no momento em que possui um “pedaço” de cada lugar criando assim uma sobreposição de imagens.
Esta relação segue também na bricolagem, onde o bricoleur executa várias tarefas disfarçado de engenheiro e Le Corbusier disfarçado de ouriço, embora se comporte como uma raposa.
Dessa forma, na arquitetura moderna o processo de colagem é mais evidente na produção de Le Corbusier, que em suas obras conserva as origens do espaço e transforma com inovação o contexto com a arte.
A bricolagem – bricoleur não pode ser definido por um projeto, só podemos defini-lo por sua instrumentalidade. O bricoleur cria estruturas por meio de conhecimentos, o mesmo possuía uma relação com a definição das raposas por essa diversidade.

Cidade Colagem